Uma nação que recorda o seu Templo destruído...
BOM DIA! A História conta-nos que, certa vez, o imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821) ouviu lamentos e gritos vindos de uma sinagoga. Querendo saber o motivo, vieram-lhe informar que aquele era o dia de Tishá BeÁv e que os Judeus estavam a chorar pela destruição do seu Templo em Jerusalém. “Como eu não ouvi sobre isto? Por que não me informaram? Quando aconteceu?”, perguntou Napoleão. Quando descobriu que o facto ocorrera há quase 1.700 anos atrás, Napoleão falou: “Uma nação que recorda o seu Templo destruído e o lamenta tão profundamente e por tanto tempo a sua perda, certamente sobreviverá e terá o mérito de tê-lo reconstruído novamente!” Por que os Judeus relembram o Templo de Jerusalém e lamentam a sua perda até aos dias de hoje?Se conhecermos a nossa história e a entendermos, poderemos colocar as nossas vidas na devida perspectiva: Poderemos entender a nós mesmos, ao nosso povo, as nossas metas e os nossos valores. Saberemos a direcção das nossas vidas, o que queremos conseguir e o que estamos prontos a suportar para atingirmos o nosso destino. Há uma frase famosa de um filósofo do século XIX que resume bem este conceito: “Se você tem um ‘por que’ pelo que viver, conseguirá suportar qualquer ‘como’!”
Estamos para entrar num período do calendário Judaico conhecido como ‘As Três Semanas’ -- o período entre o dia 17 do mês hebraico de Tamuz (quinta-feira, 13 de julho) e o dia 9 do mês de Av (que se inicia quarta-feira ao anoitecer, 2 de agosto). É um período tão desfavorável em toda a nossa história, que o Shulrrán Arurr, o Código das Leis Judaicas, nos aconselha a adiar processos judiciais e proíbe até a realização de casamentos. Também não cortamos o cabelo, não compramos ou vestimos roupas novas, não ouvimos música e nem fazemos viagens por recreação. É um período de introspecção, com pensamentos voltados a corrigir os nossos erros ou os maus comportamentos na vida. Durante este período, ambos os Templos, em Jerusalém, foram destruídos.
Mas por que lamentamos a perda destes Templos depois de tantos anos? O que eles significaram e significam para nós, habitantes do século 21?
O Templo Sagrado de Jerusalém era o centro focal do Povo Judeu. Três vezes ao ano – em Pessach, Shavuót e Sucót – os Judeus que moravam em Israel e nas vizinhanças vinham orar e celebrar no Templo de Jerusalém. Ele oferecia-nos uma tremenda oportunidade de nos aproximarmos do Criador e de nos elevarmos espiritualmente. Ele representava o propósito do Povo Judeu na Terra de Israel: ser um Povo sagrado e unido com o Todo-Poderoso na nossa terra, um estado Judaico. Isto é o que ansiamos por recuperar e é por isto que lamentamos e relembramos a perda do que uma vez tivemos.
No dia 17 de Tamuz, 5 calamidades ocorreram:
1) Moshe quebrou as primeiras pedras (Não eram ‘Tabuas da Lei’, mas ‘Pedras da Lei’) contendo os 10 Mandamentos, quando desceu do Monte Sinai e viu o povo idolatrando o Bezerro de Ouro;
2) A Oferenda Diária (Korbán Tamid) parou de ser realizada no Primeiro Templo;
3) Romperam-se as muralhas de Jerusalém, durante o cerco à cidade, na época do 2º. Templo;
4) Apóstomo, o Perverso, um oficial romano, queimou um Sefer Torá (Rolos da Torá);
5) Um ídolo foi colocado no Santuário do Segundo Templo.
O 17 de Tamuz é um dia de jejum, e este ano foi na quinta-feira, 13 de julho. O propósito do jejum foi despertarmos os nossos corações para o arrependimento, ao relembrarmos os erros dos nossos antepassados, que acarretaram tantas tragédias, e a nossa repetição dos mesmos erros. O jejum é a preparação para o arrependimento -- para quebrar a dominação do corpo sobre o nosso lado espiritual. A pessoa deve se engajar num auto-exame, e tomar a resolução de corrigir os seus erros no seu relacionamento com D'us, com as pessoas que convive e consigo mesma.
É interessante notar que Sadam Hussein é um estudioso da História Judaica. Ele baptizou o reactor nuclear (do qual planeava fabricar uma bomba para lançar sobre Israel) como – adivinhe? -- Tamuz 17! Quer saber a fonte desta informação? Leia o livro ‘Ten Minutes Over Baghdad’, em inglês.
Para ganhar mais conhecimento, entendimento e perspectiva sobre o Povo Judeu, o primeiro passo com certeza é ler ‘A Lei de Moisés’. Recomendo-lhes também o livro Nineteen Letters, escrito pelo Rabino alemão Samson Raphael Hirsh (http://eichlers.com/details.cfm?Group_ID=288&Product_ID=4365). Para mais história, leia The Book of Our Heritage (o Livro de Nossa Herança www.eichlers.com/details.cfm?Group_ID=642&Product_ID=4389), de Eliyahu Kitóv.
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