Porção Semanal da Torá: Kôrah
Bamidbár (Números) 16:1 - 18:32Esta porção semanal é electrizante! Ocorrem duas rebeliões. Na primeira, Kôrah, um Levita que não foi escolhido para a liderança da sua Tribo, desafia Moshe em relação a quem deve assumir o posto de Sumo Sacerdote. Nenhuma rebelião pode ser ‘vendida’ com sucesso se o seu único motivo for um meio para ganhos pessoais. Portanto, Kôrah convence 250 homens de renome de que deveriam posicionar-se a seu lado por uma questão de princípios: cada um deles tem direito ao posto de Sumo Sacerdote (para o qual Moshe havia anunciado que D'us designara o seu irmão Aharon para assumi-lo).
Fascinantemente, todos os 250 seguidores de Kôrah aceitam o desafio proposto por Moshe, de trazer uma oferenda de incenso para confirmar quem D'us escolheria para preencher aquela posição. Isto significava que cada um dos 250 homens realmente acreditava que seria o escolhido e que sobreviveria ao teste. Moshe anuncia que, se a terra se abrir e engolir os rebeldes, este é o sinal que ele (Moshe) estava agindo sob as ordens de D'us. E assim aconteceu!
No dia seguinte, toda a Congregação de Israel se insurgiu numa segunda rebelião, acusando Moshe: “Você causou a morte do Povo de D'us!” O Todo-Poderoso traz uma praga que mata 14.700 pessoas e que só cessa quando Aharon faz uma oferenda de incenso, demonstrando, assim, que não foi a oferenda em si que matou os 250 seguidores de Kôrah, mas sim a decisão do Todo-Poderoso em relação àqueles que se rebelaram.
Para resolver a questão de uma vez por todas, Moshe ordena a cada chefe das Tribos a trazerem uma vara, com os seus nomes gravados nelas. Na manhã seguinte, somente a vara de Aharon havia florescido, dando brotos e amêndoas. Ao Povo foi mostrado este sinal.
A vara de Aharon foi, então, colocada na Arca Sagrada, como testemunho para todos os tempos.
Dvar Torá: baseado no livro Love Your Neighbor-Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “Vocês não devem agir como Kôrah e os seus companheiros (Bamidbár 17:5)”. Que lição para as nossas vidas aprendemos deste versículo? Aprendemos que a Torá proibe-nos de persistir em brigas e disputas. O Talmud aborda este assunto no Tratado Sanedrin (página 110a) e esta proibição também consta na Halahá (o Código Judaico de Leis). Eis algumas linhas-mestras para termos mais felicidade nas nossas vidas:
1) Devemos manter distância de brigas. Além da gravidade inerente às disputas, elas são fontes de muitas outras transgressões: o ódio sem razão, o lashón hará e a fofoca (rehilút), a raiva, os insultos, palavras humilhantes, a vingança, o rancor, o rebaixar e o Hilul Hashém (agir de maneira tal que profane o nome de D’us, ao fazer com que as pessoas digam: “Esta é a maneira como o Povo de D’us se comporta?”) Deixe de lado aquele desejo de sempre dar a última palavra!
2) Se nos virmos no meio de uma disputa, devemos retirar-nos imediatamente. Se sentirmos vergonha em retroceder, lembremo-nos das palavras dos nossos Sábios: “É melhor ser considerado pelos demais como um(a) tolo(a) por toda a nossa vida, do que ser considerado(a) um ser humano perverso, mesmo que por um instante, aos olhos de D’us”.
3) Não se deve tomar parte também nas rixas nas quais os nossos pais estejam envolvidos. Ao recusarem apoiar o pai na sua disputa contra Moshe, os filhos de Kôrah foram salvos de serem punidos juntamente com o pai.
4) É uma mitsvá muito importante interromper e encerrar uma rixa. Deve-se fazer o máximo para trazer a paz. Não se desencoraje se tentar e falhar. Você realmente pode ter sucesso!
5) Após fazer as pazes, não traga à tona os motivos que acarretaram todas aquelas atitudes. Isto provavelmente reacenderá a contenda.
6) Treine os seus filhos, desde pequenos, a evitarem brigas e disputas. As crianças têm a tendência de ficar furiosas e brigar por assuntos triviais. A menos que os pais corrijam essa possível falha, ela pode se tornar parte da natureza da criança.
7) Freqüentemente as discussões começam por assuntos irrelevantes ou insignificantes. Perguntemo-nos (e também à outra pessoa): “Será que isto faz alguma diferença?” Em geral, não. Esta simples pergunta é um bom atalho para escaparmos de uma briga!
Embora devamos evitar disputas sobre assuntos pessoais, devemos fixar posição em relação a princípios morais e de justiça.
SHABAT SHALOM
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