26.1.07

Porção Semanal da Torá: Bó

Shemót (Êxodus) 10:01 - 13:16
Nesta semana concluímos a leitura das Dez Pragas, com as pragas dos gafanhotos, da escuridão e da morte dos primogénitos. As leis de Pessach são apresentadas, seguidas dos mandamentos para os homens colocarem Tefilín, consagrar o primogénito dos seus animais e o resgate do seu primogénito.
A Torá conta-nos que, algum dia no futuro, o seu filho lhe perguntará o motivo destes mandamentos e você responderá: porque “... Com uma demonstração de Poder, D’us tirou-nos do Egipto, o local da nossa escravidão. Quando o Faraó teimosamente se recusou a nos deixar sair, D’us matou todos os primogénitos
Egípcios, tanto homens como animais. Eu, portanto, ofereço a D’us todos os primogénitos machos dos meus animais e redimo o meu filho primogénito. E isto será um sinal sobre o seu braço, e um adorno entre os seus olhos, pois com mão forte o Todo-Poderoso retirou-nos do Egipto” (Shemót 13:15).

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “E isto é o que o Todo-Poderoso disse: ‘Por volta da meia-noite Eu passarei entre os egípcios e todos os primogénitos da terra do Egipto morrerão (Shemót 11:04)”. Por que Moshe disse “Por volta da meia-noite”, quando, na realidade D’us falou a Moshe que a praga iria ocorrer exactamente à meia-noite (que foi o que aconteceu, como pode ser constatado no versículo 12:29)?
Rashi, o grande comentarista da Torá (França, 1040-1104), traz a resposta de nossos Sábios que: “Talvez os astrólogos do Faraó errassem nos seus cálculos sobre o ponto exacto da meio da noite e diriam que Moshe era um mentiroso” (Talmud Berachót 4a). Se Moshe tivesse dito “exactamente à meia-noite” e a praga acontecesse alguns momentos antes ou depois, os egípcios iriam dizer que Moshe era um mentiroso!
Espantoso e incrível! Os egípcios já haviam sofrido nove pragas, cada uma delas depois de Moshe tê-los advertido e, ainda assim, por causa de alguns minutos de discrepância iriam rotular Moshe de mentiroso?
Vemos daqui o poder que o ser humano tem de encontrar defeitos nos outros quando está determinado a fazê-lo. Devido a uma discrepância mínima – talvez devida aos seus próprios cálculos - em relação à hora marcada, os astrólogos poderiam desprezar as mais claras evidências da veracidade de Moshe e as previsões correctas que fez das mais excêntricas e destrutivas pragas, taxando-o de mentiroso e desacreditando-o totalmente. Quando alguém quer encontrar defeitos, conseguirá encontrá-los.
A nossa lição:
1) Fiquemos alerta para não cair na armadilha de encontrar defeitos nos outros, quando deveríamos procurar olhar o quadro como um todo;
2) Tenha cuidado com os ‘achadores de defeitos’ e ‘corrige-os’ gentilmente, pois estas personalidades são facilmente irritáveis e difíceis de lidar.