Shalom

O sofrimento é opcional...

BOM DIA! Algumas semanas atrás o meu filho entrou a correr no meu quarto-escritório, á noite, dizendo: “Venha rápido! Algo errado com o fogão”. Corri para a cozinha e todos os 4 queimadores estavam ‘clicando’ como se quisessem se acender, o fogão estava extremamente quente e os botões haviam-se derretido! Afastei o fogão da parede, desliguei o gás e desconectei a tomada eléctrica. A minha esposa havia colocado o fogão no modo auto-limpante e alguma coisa evidentemente havia falhado.
No dia seguinte, o rapaz da assistência técnica informou-me que o fogão estava com defeito e, embora fosse algo reparável, ele aconselhava a nunca mais utilizar a função auto-limpante novamente. Imediatamente liguei para a Sears, a loja onde comprei o fogão: “Já que não está mais na garantia, ligue para a firma Kenmore, o fabricante do fogão”, disseram-me. Kenmore informou-me que eles são ‘apenas uma marca fantasia’ e que o meu fogão havia sido fabricado pela Frigidaire. A Frigidaire encaminhou-me para a Eletrolux, que havia adquirido-os no ano anterior. A Eletrolux, por sua vez, falou-me para ligar para a Husqvarna, uma companhia sueca, que havia adquirido-os recentemente. E qual foi a resposta da Husqvarna? “Por que nos contactou? Não comprou o fogão na Sears?”

Todos nós passamos por frustrações na vida. A questão é:
como lidamos com elas? Ficamos furiosos? Deprimidos? Um ataque de nervos? Como deveríamos reagir aos eventos que nos aparecem para que não arruinemos nosso dia-a-dia?
Se não ‘enquadrarmos’ os momentos que vivemos, eles irão nos ‘enquadrar’. Ou seja: a vida é cheia de frustrações, dificuldades e mágoas. Entretanto, o sofrimento é opcional. Todos temos o controlo sobre as nossas emoções, se ‘dominarmos’ o momento e não deixarmos as nossas emoções ‘andarem’ por conta própria. Se alguém derramou acidentalmente café sobre nós, podemos inicialmente ficar zangados. Entretanto, ao constatar que foi o seu patrão ou aquela pessoa especial que queríamos encontrar, é espantoso o quão rápido podemos controlar a nossa raiva!
Pela perspectiva da Torá, existe um significado em tudo o que acontece nas nossas vidas. O Todo-Poderoso presenteou cada ser humano com um corpo e uma alma. É nossa responsabilidade desenvolver as nossas almas ao agirmos de forma correcta. A vida é uma oportunidade para controlarmos os nossos instintos animalescos e trabalharmos para aperfeiçoar o nosso comportamento e melhorar o mundo. Se reconhecermos e integrarmos este conceito na nossa consciência, poderemos mudar dramaticamente a maneira como percebemos e reagimos às subidas e descidas da vida.

Por exemplo: se uma pessoa volta ao local onde deixou o seu carro estacionado e descobre que alguém amassou a lateral, a sua tendência inicial é ficar zangado: “Como alguém pôde fazer isto e não deixar um bilhete identificando-se? O meu carro foi danificado e agora vou ter que perder tempo e dinheiro para consertá-lo!”
Porém, se vivermos as nossas vidas entendendo que tudo o que acontece tem um significado e uma lição para nós, as prováveis perguntas que surgirão são: “Por que isto aconteceu? Qual o significado deste evento?” A resposta pode ser algo tão simples como: “Eu deveria ter estacionado o carro de maneira a proporcionar ao outro sujeito mais espaço para sair”, ou talvez: “Quem foi que eu prejudiquei e não assumi a responsabilidade?” Uma das maneiras que D'us se relaciona connosco é o conceito de ‘medida por medida’: o que plantamos, colhemos.
Existem consequências ao que fazemos tanto neste mundo como no vindouro. Todos receberão a recompensa pelos seus bons actos e o contrário por suas transgressões, a menos que se arrependa, faça Teshuvá. Para isto, alem do arrependimento, a pessoa precisa restituir qualquer prejuízo causado, pedir desculpas, fazer um plano para não cometer os mesmos erros no futuro e pedir perdão a D'us, também.
Parte do nosso aborrecimento quando sofremos uma perda monetária é que ela vem de maneira inesperada, pois realmente não esperávamos tal prejuízo financeiro. Uma sugestão para evitar este ‘situação’ é: se a pessoa mentalmente separar uma soma de dinheiro para reparos que precisam ser feitos de vez em quando, para repor itens que pararam de funcionar, para prevenir-se de alguém que a enganou, então não mais ficará chocada nem zangada. É o que podemos chamar de ‘Fundo Anti-Stress’.
Ah, e se está curioso, querido(a) leitor(a), sobre o que fiz com o fogão, decidi que a vida é por demais preciosa para perder tempo discutindo. Fui e comprei um novo fogão... na loja Brandsmart!

posted by jone @ 01:27