18.8.06

Porção Semanal da Torá: Reê

Devarim (Deuteronômio) 11:26 - 16:17

Essa porção semanal é um pacote cheio. Começa com uma escolha: “Eu coloco ante vocês a bênção e a maldição. A bênção se obedecerem aos Mandamentos Divinos...; a maldição se não obedecerem... e seguirem outros deuses” (Devarim 11:26-28).
A porção prossegue com regras e leis para a Terra de Israel, primariamente orientadas para que o Povo se mantenha longe das idolatrias e das demais religiões locais. Nos versículos 13:1-12 encontra-se o trecho que, certa vez, fez um missionário empalidecer e parar de tentar converter o meu Rabino. Vale a pena ler!
Uma das indicações da existência da Torá Oral - a explicação dada a Moshe sobre a Torá escrita (mais tarde compilada no Talmud) - vem do versículo 12:21: “Vocês irão abater animais ..... da forma que Eu lhes prescrevi”. Em nenhuma outra passagem da Torá somos instruídos sobre a shehitá, o ritual de abate dos animais permitidos pela Torá. Alguém poderia pensar que o editor do texto foi relapso... ou concluir que existem ensinamentos adicionais, que esclarecem e ampliam as Palavras Escritas.
Eis a origem do conceito de Povo Escolhido (14:1-2): “Vocês são uma nação consagrada ao Eterno, seu D'us, que os escolheu entre todas as nações da face da Terra para serem a Sua nação especial”.
Fomos escolhidos para termos responsabilidades, não privilégios - para agirmos com o mais alto nível ético e moral e sermos ‘uma luz para as nações’.

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “Se houver entre vocês algum carente, algum dos teus irmãos dentro das tuas cidades, na tua terra, que o Todo-Poderoso, seu D’us, deu a vos, vocês não devem endurecer os vossos corações nem fechar as vossas mãos contra o teu irmão necessitado (Devarim 15:7)”. O que as palavras “vocês não devem endurecer os vossos corações” vêm nos ensinar?
O Rabino Avraham Ibn Ezra (Toledo, Espanha, 1089-1164) explica-nos: não devemos deixar de falar palavras agradáveis a um carente. Quando uma pessoa é pobre, ela sofre muito mais do que apenas uma privação financeira: sofre muita dor emocional. Muitas vezes pode estar completamente desencorajada, humilhada e desanimada. Portanto, temos a obrigação de abrir os nossos corações a esta pessoa e conversar com ela de maneira simpática e com compaixão. Devemos fazer o máximo para lhe proporcionar palavras de encorajamento e conforto. Dar dinheiro sem tentar ajudá-la emocionalmente é apenas parte do trabalho. É um sinal de insensibilidade e desumanidade não tentar animar e encorajar uma pessoa que precisa de apoio emocional.
Mais ainda, já nos explicou Rashi, um dos grandes comentaristas da Torá (Troyes, França, 1040-1104), no versículo seguinte (“e abrirão suas mãos e lhe emprestarão o suficiente para o que lhe faltar”): da mesma forma que somos obrigados a ajudar financeiramente uma pessoa, mesmo muitas vezes se ela continuar a passar necessidades, também devemos continuar a apoiar emocionalmente aqueles que precisam, mesmo que tenhamos de fazê-lo muitas vezes!
O Rabino Moshe Feinstein Z’tl, um dos maiores rabinos da nossa geração (Nova York, EUA, 1895-1986), nunca perdia ou desperdiçava tempo. Entretanto, se um carente ou uma pessoa com problemas, mesmo um nudnik (um chato), quisesse uma hora para aliviar o seu coração, o Rabino Feinstein arranjava algum tempo para ele. Ouvir alguém desabafar vale mais para esta pessoa do que o dinheiro recebido. Empenhemo-nos para dar e para ouvir. E no mínimo, dê dinheiro acompanhado de uma palavra gentil ou uma benção!