31.3.06

Porção Semanal da Torá: Vaikrá

Vaikrá (Levíticus) 01:01 - 05:26

O Livro de Vaikrá trata, basicamente, do que é comumente chamado de ‘oferendas’ ou ‘sacrifícios’. De acordo com o Rabino Samson Raphael Hirsh, que viveu na Alemanha no século 19 (1808-1888), ‘sacrifício’ implica dar algo que é de valor para si próprio, para o benefício de outro. Já uma ‘oferenda’ pressupõe um presente que satisfaz àquele que o recebe. O Todo-Poderoso não precisa de nossos presentes, não tem necessidade deles. A palavra em Hebraico é korban, que é mais bem traduzida como um meio para estreitar nossa relação com o Criador. As oferendas de korbanót (plural de korban) eram somente para o nosso benefício, para nos aproximarmos de D’us.
Rambam, o conhecido Rabino espanhol Maimônides (1135-1204), que viveu na Espanha e no Egipto, explicou que, vendo a experiência que sofria o animal ofertado como korban, o transgressor se dava conta da seriedade de sua transgressão. Isto o ajudava no processo de Teshuvá -- corrigir seus caminhos.
Esta porção semanal contém os detalhes de vários tipos de korbanót: o que era totalmente consumido pelo fogo, o de farinha, o de primícias da colheita de grãos, o de paz, outro por algum pecado (particular ou comunal), outro por ser culpado de alguma transgressão, korban por se apropriar inadvertidamente de algo consagrado a D’us e, também, para ajudar na expiação de algum ato desonesto após tê-lo reparado.


Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “Se o rei (de Israel) cometer um erro ao violar não intencionalmente um dos Mandamentos do Todo-Poderoso... (Vaikrá 4:22)”. O que este versículo nos ensina sobre nossas próprias vidas?
Rashi, o Rabino Shelomo Yitzhaki, que viveu na França no século XI, considerado um dos maiores comentaristas bíblicos, comenta que a primeira palavra (em hebraico) deste versículo é ‘asher’ (Se), que provém da palavra ‘ashrai’, que significa ‘afortunado’. Afortunada é a geração na qual o rei traz uma oferenda ao Criador por ter transgredido um Mandamento involuntariamente, pois com certeza este rei se arrependerá caso tenha cometido um erro proposital.
Os comentaristas da Torá fazem a seguinte pergunta sobre a afirmação de Rashi: Por que a Torá afirma que é bem aventurada a geração cujo rei se arrepende de ter transgredido involuntariamente algum Mandamento e não diz o mesmo em referência ao Sumo Sacerdote ou ao Sanedrin (o Supremo Tribunal Rabínico), sobre quem a Torá já explicou anteriormente sobre suas oferendas?
A resposta é que o Sumo Sacerdote tinha um nível muito elevado de santidade e os membros do Sanedrin eram grandes Sábios da Torá. Estes fatores já contribuíam para que se arrependessem de eventuais erros que tenham cometido. Entretanto, o rei de Israel era uma pessoa com muito poder, e o poder dá à pessoa sentimentos tão elevados sobre si mesma que é improvável que venha a admitir que tenha feito algo errado. Por esta razão, quando o rei com seus poderes ilimitados admitia que errara e se arrependera do que fez, bem afortunada é a geração em que ele vive!
Nosso ensinamento? Admitir que erramos requer muita coragem. Quanto mais poder uma pessoa tem, maior a importância de ter a honestidade intelectual de admitir que errou. Por isto, podemos ficar bastante felizes sempre que formos valentes o suficiente para admitir que erramos. Esta satisfação nos dará força para aceitar o fato de que podemos errar e de que admitir o erro não é um erro!