23.3.09

Não sou Judeu, mas…

Através dos anos, alguns dos meus críticos parecem ter assumido a ideia de que eu sou um Judeu. Se calhar, alguns dos meus melhores amigos até o desejavam, que realmente o fosse. Deixem-me ser claro: Eu vivo em Nova Iorque. Tenho uma esposa, que adora comida chinesa. Acreditem, que as pessoas em quem confio me dizem ter sido practicamente o inventor da palavra "chutzpah." Senhores e senhoras, tenho a honra e a humildade proporcionada por vós, em receber esta distinção, que representa muito mais para vocês por causa do vosso trabalho, do que própriamente do meu. O Comité Judeu Americano começou em resposta á persecução dos Judeus durante o regime dos Czares, na Rússia. A sua resposta teve uma resposta muito americana: uma organização, que fala em nome daqueles, que não o fazem ou não o podem fazer por si. Desde a sua fundação, que esta organização se tem tornado numa das mais influentes a nível mundial. Embora os vossos interesses comecem na segurança e bem-estar, estas preocupações são algo mais paroquial. A razão é muito clara: A maior garantia de segurança para os Judeus em qualquer parte, é precisamente a liberdade das pessoas em toda a parte. O vosso bom e importante trabalho ajudou na realidade a mudanças ao nosso mundo. Infelizmente, apesar de algumas ameaças se terem combatido e vencido, outras tomaram o seu lugar. E estas novas ameaças relembra-nos, que o trabalho deste Comité Judaico Americano é mais vital do que nunca.
Na Europa, homens e mulheres, que têm as marcas em tatuagens dos campos de concentração, hoje, vêm neste continente, a ameaça aos judeus e ás suas propriedades e um debate público cheio de anti-semitismo, que pensávamos ter sido só parte do passado.
No Irão, onde o seu regime suporta, arma e protege, a Hizbullah e Hamas, está em vias de produzir uma bomba nuclear.
Na Índia, assistimos ao bárbaro massacre de Judeus no Centro Judaico de Mumbai, num ataque bem planeado e coordenado. Entretanto, ficámos com a ideia, que foi um ensaio real ao que poderá se tornar realidade noutra qualquer cidade deste planeta.
MAIS GRAVE ainda, ao observarmos o aumentar de ataques á legitimidade e segurança do Estado de Israel. Estas ameaças vêm de pessoas, que não têm intenção alguma de proporcionar paz com o Estado de Israel e muito menos viverem como bons vizinhos e pacificamente. E a razão é clara: Não querem tornar real a ideia de liberdade, tolerância e democracia. Odeiam Israel da mesma maneira, que nos odeiam. Como é de todos conhecido, os roquetes e morteiros ainda não cessaram completamente de cair em em território Israelita. O objectivo destes ataques é de provocar o pânico, medo e temporáriamente desestabilizar. Israel não pode continuar por mais tempo com tudo isto. Nesta galeria, não haverá uma única pessoa, que não concorde, com a reacção a este tipo de situação por parte de um outro qualquer País, quando a sua população e território passa a ser um alvo do exterior. As Hamas sabem-no muito bem. Mas também entende algo mais: No século 21, quando estados democráticos respondem a estes ataques terroristas, enfrentam duas situações terríveis:
A PRIMEIRA é a militar. É verdade, que Israel tem a superioridade convencional e poderia terminar com o problema muito rapidamente. Mas ao contrário das Hamas, as forças armadas israelitas guiam-se por um governo democraticamente eleito pelos Israelitas. Não interessa, qual o partido maioritário, pois cada governo de Israel sabe, que terá de prestar contas á sua população e ao mundo pelas vidas perdidas, resultado das suas decisões. Mesmo a vida de Palestinos apanhados no fogo cruzado. E também é verdade, que por cada vida israelita perdida no confronto militar, o governo é responsável, porque este se encontrava em defesa da população Israelita e da Nação. Neste tipo de guerra, as Hamas não necessitam de ganhar a guerra militarmente para conseguirem uma grande vitória. De facto, as Hamas sabem, de que de alguma maneira a morte de Palestinos serve o seu propósito, mesmo que haja baixas israelitas. No Ocidente, olhamos para tudo isto e afirmamos: “Não faz sentido”. Se estás comprometido com a destruição de Israel, se acreditas, que a morte de Palestinos marca pontuação na propaganda e se aceitas o lançamento de roquetes a partir de uma escola, então, terás de compreender, de que quando Israel lança um ataque defensivo, vítimas civis podem acontecer, apesar do Exército israelita evitar ao máximo todas as possibilidades de casualidades civis. Hamas governa Gaza com um único objectivo, que não a defesa da sua população Palestina e a controla com a regra do medo e intimidação. É responsável por tudo isto. Isto é a lógica real e fria de Gaza e explica porque uma Nação tão forte militarmente como Israel se encontra em desvantagem no terreno.
A SEGUNDA é a guerra global na imprensa, isto é, a opinião pública mundial. Para as Hamas, a imagem do sofrimento dos Palestinos, as casas destruídas, os funerais, as crianças feridas e mortas, os tanques israelitas em ruas de Gaza, cria uma simpatia para a causa. No combate marcado por confrontos de rua a rua, a morte de inocentes é inevitável. É também uma verdade em Gaza. E estas mortes levaram alguns na incriminação de Israel como praticante de crimes de guerra no tribunal internacional. Mas eu sou um curioso: Mas porque nunca colocaram os líderes das Hamas no banco dos réus? Porque, por exemplo, nunca ouvimos dos Direitos Humanos, uma investigação ás Hamas por terem usado crianças como escudo? Porque não se fala ou escreve sobre as atrocidades das Hamas na matança de civis Palestinos e das Fatah, mesmo quando internados nos hospitais? E aonde estão os grupos dos direitos humanos internacionais, a confrontarem-se com as Hamas, no sentido de haver uma separação de civis e os seus guerrilheiros, aquando do confronto com o exército de Israel? Porque se misturam entre a população civil? Eu suspeito, que a resposta tem a haver com a lógica de provocar uma guerra com Israel, mas que de antemão sabe não a poder ganhar. As Hamas ganham-na através da imprensa e na conquista da opinião pública mundial. Nisto, Israel encontra-se na mesma situação, que os Estados Unidos, no Iraque. A al-qaida compreendeu, que no seu interesse, provocou um conflito étnico-religioso, entre oa Shia e Sunni, não se importando com o preço de vidas Iraquianas a perder. É a natureza do terror ou do terrorismo. O que vemos em Gaza, não é mais, do que uma frente nesta guerra alargada.
NO OCIDENTE, acostumámo-nos a pensar, que Israel não pode sobreviver sem a ajuda dos Estados Unidos da América. Hoje digo-vos: Talvez fosse bom pensarmos, se sobreviveremos ao autorizarmos os terroristas a conseguirem os seus objectivos contra Israel. Neste novo século, o OCIDENTE não é mais uma posição geográfica. O OCIDENTE é definido como sociedades de liberdade, democracia e inimigo. É assim, que pelo menos os terroristas vêem o ocidente. Se nós estamos em seriedade para enfrentar esta mudança, deveríamos expandir a única aliança militar na defesa do Ocidente e incluir aqueles, que se encontram na linha da frente desta guerra, isto é, abrir a NATO a outros Países como por exemplo, Israel.
Meus amigos, eu não pretendo ter todas as respostas em relação à situação de Gaza. Mas, eu sei o seguinte: o mundo livre fará um terrível erro se pensar, que esta guerra não é também nossa, do ocidente. No final, o povo de Israel está a combater o inimigo, que nos é comum: assassinos, que rejeitam a paz, que rejeitam a liberdade e que governam nas vestes do suicídio, o carro-bomba e o escudo humano. Contra um inimigo deste calibre, eu sempre estarei ao lado de Israel na defesa do seu território e da sua população. Peço-vos para fazerem o mesmo, se realmente são a favor da paz, da liberdade e da verdade.

Excerto do discurso feito no dia 4 de Março pelo sr. Rupert Murdoch presidente da News Corporation, aquando do recebimento do prémio Relações Humanas Nacional, nos Estados Unidos da América, realizado pelo Comité Judaico Americano.