28.3.09

DEDICAR TEMPO...


"Depois de 21 anos de casado, descobri uma nova maneira de manter viva a chama do amor: decidi sair com uma outra mulher. Na realidade foi uma idéia da minha esposa.
- Tu sabes que a amas - disse-me a minha esposa um dia, ficando eu surpreso - A vida é muito curta, deves dedicar especial tempo a essa mulher...
- Mas eu amo-te, protestei.
- Eu sei. Mas também a amas.. Tenho a certeza disso.
A outra mulher, a quem minha esposa queria que eu visitasse, era a minha mãe, que já era viúva há 19 anos, mas as exigências do meu trabalho e dos meus 3 filhos faziam com que eu a visitasse muito pouco. Naquela noite eu telefonei e convidei-a para jantar e ir ao cinema. Ela estranhou, achou que havia acontecido alguma coisa, que eu precisava talvez de desabafar. Respondi, entre risadas, que apenas queria passar algum tempo agradável com dela, só nós os dois. Ela agradeceu e aceitou o convite.
Depois de alguns dias lá estava eu, conduzindo para a ir buscar, depois do trabalho. Estava um tanto nervoso, era o nervosismo que antecede a um primeiro encontro... E que coisa interessante, pude notar que ela também estava muito emocionada. Esperava-me na porta de casa, havia feito um penteado novo e usava o mesmo vestido que havia vestido no seu aniversário de bodas. O seu rosto brilhava e irradiava luz como um anjo.
- Eu contei às minhas amigas que ia sair contigo, elas ficaram muito impressionadas - comentou, enquanto entrava para o carro.
Fomos a um restaurante aconchegante, a minha mãe segurou-se meu braço como se fosse a "primeira dama". Quando nos sentámos, tive de ler-lhe o menu, pois os seus olhos só viam grandes figuras. Levantei os olhos, a minha mãe olhava-me fixamente. Um sorriso nostálgico delineava-se nos seus lábios.
- Era eu quem lia o menu quando eras pequeno - disse-me.
- Então é hora de relaxar e me permitir devolução do favor - respondi.
Durante o jantar tivemos uma agradável conversa. Nada extraordinário, só colocando em dia a vida um para o outro. Falamos tanto que perdemos o horário do cinema.
- Como foi o teu encontro? - quis saber a minha esposa quando cheguei a casa.
- Muito agradável. Muito mais do que imaginei...
Dias mais tarde a minha mãe faleceu de um infarte fulminante. Foi tudo muito rápido, não pude fazer nada. Encontrei na cabeceira da sua cama um bilhete que dizia: "Filho, jamais poderás entender o que aquela noite significou para mim. Gosto muito de ti".
Nesse momento compreendi o quanto aquela noite havia sido importante, o quanto ela havia aumentado o nosso amor, e imaginei quantas outras oportunidades eu havia desperdiçado...
“As pessoas que amamos são muito importante, dedique-lhes tempo, porque elas não podem esperar".