7.7.08

Rambam - “Os 13 Princípios da Fé”


Uma boa semana! Quais são as crenças essenciais do Judaísmo? O Judaísmo nunca separou a fé da actuação prática. Na Torá, os mandamentos para acreditarmos em D'us não estão declarados de forma diferente que os mandamentos para emprestarmos dinheiro a um carente ou deixarmos de comer alimentos não casher. Com o passar dos séculos, entretanto, especulações filosóficas e dogmas tornaram-se idéias prevalentes e começaram a influenciar alguns membros do Povo Judeu, algo que se exacerbou nos séculos XI e XII E. C. Sentindo a necessidade de esclarecer esta questão e reverter esta tendência, diversas autoridades rabínicas definiram os reais princípios do Judaísmo. “Os 13 Princípios da Fé” foram baseados na formulação do Rambam, conhecido como Maimônides (1135-1204), no seu livro ‘Comentário sobre a Mishná Sanedrin’ - no seu décimo capítulo - e alcançaram uma aceitação praticamente universal. A Mishná Sanedrin é um dos tomos do Talmud e faz parte da Torá Oral recebida por Moshe no Monte Sinai. “Os 13 Princípios da Fé” judaica são os credos essenciais requeridos de cada membro do Povo Judeu e são aceites como a crença inequívoca do Judaísmo. Podem ser encontrados em quase todos os livros de orações.
Estes “13 Princípios” podem ser divididos em três categorias:
(1) A natureza da crença em D'us;
(2) A autenticidade, validade e imutabilidade da Torá e
(3) As responsabilidades dos seres humanos e nossa recompensa final.
Cada princípio é iniciado pelas palavras “Eu acredito com plena fé que ...”.
Nesta edição e na da semana que vem irei enumerá-los e elucidá-los com explicações encontradas no livro de orações (Sidur) da editora Artscroll. A natureza da crença em D'us tem cinco princípios:
1) O Criador criou e dirige todo o universo. Ele sozinho fez, faz e fará tudo. Não há parceria na criação. D'us é o único Criador e o universo continua a existir somente porque Ele assim o deseja. Ele continuará a existir mesmo que tudo o mais chegue a um fim e não há como haver qualquer forma de existência independente Dele.
2) O Criador é único e não há unicidade similar à Dele. Ele foi, é e será para sempre o nosso D'us. D'us é uma unidade completa e total. Ele não é uma reunião de membros e órgãos como são os seres humanos e os animais. Ele não pode ser partido como uma rocha ou dividido em componentes elementares como tudo na criação.
3) O Criador não tem físico e não é afectado pelos fenómenos físicos. Não há nada comparável a D’us. A sua essência não pode ser compreendida pelos seres humanos que são corpóreos; prova disto é que não conseguimos conceber um Ser que não é afectado pelas leis da natureza e da física.
4) O Criador é o primeiro e para sempre duradouro. Ele é eterno e a origem de tudo. Ele criou tudo e transcende o tempo, que também é uma criação Sua.
5) Ao Criador é correcto orarmos. Nenhuma criação tem qualquer poder independente daquele que D'us lhe determinou. Atribuir poder a qualquer coisa ou entidade além de D'us recai na categoria de idolatria.