1.12.06

Porção Semanal da Torá: Vaietsê

Bereshit (Gênesis) 28:10 - 32:03

Nesta semana acompanhamos os testes e atribulações vividas por Yaácov enquanto morou e trabalhou com o seu sogro, Laván. Yaácov concordou em trabalhar 7 anos para poder casar-se com Raquel e acabou por descobrir, que Laván trocou as filhas antes da cerimónia matrimonial. (Por esse motivo nós fazemos os bedekim, o levantamento do véu nos casamentos tradicionais, para assegurar que o noivo está a casar-se com a noiva escolhida por ele).
Enquanto Yaácov tentava montar o seu património pessoal, Laván mudava as regras do acordo feito com ele a toda hora. Depois de 20 anos, o Todo-Poderoso diz a Yaácov, que tinha chegado a hora de retornar para a Terra de Canaã. Yaácov e a sua família partem em segredo, mas logo são perseguidos por Laván, que alega ‘diferenças monetárias’ com Yaácov. No final, a história acaba pacificamente com um abençoando o outro.


Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin

A Torá declara: “Yaácov trabalhou sete anos por Rachel. E foram, a seus olhos, como poucos dias, devido ao seu amor por ela”. Quando amamos uma pessoa, mesmo um pequeno período de separação pode parecer uma eternidade. Como é possível que todo esse tempo pareceu como ‘poucos dias’ para Yaácov?
No seu clássico comentário, o Malbim (Rabino Meir Leibush bem Yechiel Michel, Rússia, 1809-1879) oferece duas respostas:
1) Yaácov amava Rachel tanto que achava ser ela merecedora, que ele trabalhasse muito mais que sete anos. Portanto, trabalhar sete anos por uma pessoa tão maravilhosa foi realmente uma barganha.
2) O amor de Yaácov por Rachel não era apenas uma simples paixão. Yaácov a amava pelas boas qualidades que a faria merecedora de ser a mãe do futuro Povo Judeu. Um sujeito cujo amor é baseado em paixão, na verdade ama a si mesmo e não o objecto do seu amor. Quando uma pessoa ama o que há de bom na outra, ela realmente ama a outra e não a si próprio. (A Torá nos diz que o foco de Yaácov era no seu amor ‘por ela’). Portanto, o tempo trabalhado parecia menor, pois não era baseado num amor egoísta.
O Rabino Moshe Alshich (Tsfat, Israel, 1508-1593) oferece outra abordagem: Os sete anos pareceram-se como poucos dias aos olhos de Yaácov, depois de já’ estar casado com Rachel. O seu amor e alegria ofuscaram e até apagaram o sofrimento dos sete anos de trabalho.

A nossa lição: Esclareçamos se temos um coração ardendo ou uma apaixoneta no coração – estamos amando ou apaixonados? Existe uma grande diferença entre o amor (algo real e duradouro) e a paixão (algo muitas vezes imaginário e passageiro). Em segundo lugar: se passarmos por uma situação difícil, como por exemplo, dificuldades em arranjar uma esposa, precisamos de estar conscientes de uma coisa: todas as nossas tentativas e atribulações actuais parecerão insignificantes à luz da nossa futura alegria. Portanto, não soframos muito agora. Pelo contrário, antecipemos a nossa alegria futura!