27.8.06

O anti-semitismo II









BOM DIA! Na semana passada exploramos as desculpas inventadas para a manutenção do anti-semitismo até aos dias de hoje. Nesta semana, veremos as suas razões. O anti-semitismo é único entre os ódios existentes no mundo por 4 razões:
1 – Longevidade: já existe há muito tempo;
2 – Universalidade: ocorre virtualmente em todos os lugares do mundo;
3 – Intensidade: é expresso de uma maneira particularmente virulenta;
4 – Confusão: surpreendentemente, há pouco consenso sobre o porquê das pessoas odiarem os Judeus.

Os historiadores ofereceram varias ‘razões’ para explicar o porquê de muitas pessoas serem anti-semitas: os Judeus são muito poderosos ou muito preguiçosos; muito isolados ou ameaçam a nossa ‘pureza racial’ através da assimilação; pacifistas ou incitadores de guerras; exploradores capitalistas ou revolucionários comunistas; assassinos de J.C. ou os progenitores do mesmo, etc.

Estas razões têm algo em comum: nenhuma relação com o facto de sermos Judeus. Alguém poderia pensar que somos apenas vítimas de uma má sorte, sempre possuindo as características necessárias para sermos odiados em qualquer local que estejamos no mundo, exactamente naquele momento da História.
Vocês sabem quem discorda dos historiadores? Anne Frank. Escreveu Anne Frank no seu diário, no dia 11 de Abril de 1944: “Quem sabe? Pode até ser por causa da nossa religião, da qual a humanidade e todos os povos aprenderam a praticar o bem, e por esta razão, e apenas por ela, é que agora sofremos. Nunca poderemos nos tornar bons holandeses, ou apenas ingleses ou representantes de qualquer outro país exactamente por este motivo. Nós sempre seremos Judeus”.

Anne Frank fez questão de frisar que os Judeus têm algo de especial valor para dar ao mundo, e é precisamente por isso que o mundo guarda ressentimento e é por isso que as pessoas têm perseguido os Judeus. Anne Frank identificou o anti-semitismo como um ódio ao Judaísmo, uma abominação completamente diferente da inveja cega ou do racismo que outros povos viveram.

O Talmud (Tratado Shabat 69) explica a fonte do anti-semitismo ao usar um jogo de palavras. A Torá – a fonte do sistema Judaico de Leis, valores e padrões morais – foi recebida no Monte Sinai.

A pronúncia hebraica de ‘Sinai’ é quase idêntica à palavra hebraica que significa ódio, ‘siná’. “Por que e’ que a Torá foi dada num monte chamado Sinai?”, pergunta o Talmud. “Por causa da grande siná – o tremendo ódio dirigido aos Judeus – emanada do Sinai”.
No Sinai foi dito aos Judeus que existe apenas um D’us, que faz exigências morais para toda a humanidade. Consequentemente, a partir do Sinai, a nação Judaica tornou-se o alvo do ódio daqueles cujo forte impulso e maior desejo é espalhar o género humano das ‘algemas’ da consciência e da moralidade.

No Sinai, os Judeus foram designados para serem ‘uma luz entre as nações’. Há aqueles que abraçam os Judeus e a fé Judaica por causa da sua luz, mas há também aqueles que querem que o mundo permaneça um lugar de escuridão espiritual. Estes ‘proclamadores da escuridão’ opõem-se à moralidade e atacam os Judeus, usando-os como pára-raios do seu ódio. O ‘comunicado do Sinai’, a mensagem transmitida e sustentada pelos Judeus, no final de contas, transformou e transformará o mundo. E é esta mesma mensagem que desperta a ira daqueles que dariam tudo para anulá-la ou destruí-la.

Muitas pessoas simplesmente não conseguem carregar o fardo de serem boas. Entretanto, quando agem de forma ruim, não conseguem enfrentar o sentimento resultante da culpa. Por mais que tentem, não conseguem livrar-se dos padrões de moralidade absoluta ditados pela Torá. Presas nesta ‘sinuca’, voltam as suas frustrações acumuladas contra os Judeus, a quem entendem como personificação da consciência colectiva da humanidade.

Quando os Judeus entraram na arena teológica, demonstraram às pessoas todos os erros que estavam a fazer: deuses pagãos são tolices – existe apenas um D’us para toda a humanidade, que é invisível, infinito e perfeito. Infanticídio e sacrifícios humanos são inaceitáveis. Cada ser humano nasce com direitos específicos. Ninguém pode viver como lhe apraz, pois todos devem submeter a sua vontade a uma Autoridade maior.

Num certo nível de consciência, a humanidade reconhece a mensagem dos Judeus como sendo verdadeira. Aqueles que se recusam a aceitar a verdade chegaram à conclusão de que o único modo de se livrar do problema é destruindo os mensageiros – pois a mensagem em si é por demais potente para ser negada.

Isto é o que mais incomoda em relação aos Judeus. E é por isso que para certas pessoas, nada menos que a total destruição dos Judeus resolverá o problema. Se o Judaísmo fosse apenas mais uma ideologia, tais pessoas poderiam apenas ridicularizá-la e continuarem nos seus alegres caminhos. Mas lá no fundo das suas almas, todo o ser humano reconhece as verdades essenciais da moralidade – não conseguem simplesmente ridicularizá-las.

Nos últimos 2.000 anos, os Judeus passaram por enormes quantidades de perseguições e ódios – levando, no final de contas, ao genocídio. E através de tudo isto, os Judeus sempre se esforçaram para se manter Judeus. O motivo disto é que eles realmente entendiam que aquilo era muito valioso. Entendiam qual o significado de serem Judeus e estavam desejosos de pagar o preço por isto.

A mágoa e o sofrimento, que são parte e parcela de sermos Judeus, são óbvios. Se as pessoas não conseguem encontrar qualquer significado para este sofrimento, é improvável que se mantenham desejosas de lutar pela sua identidade Judaica. Eis uma das causas do, por que vemos a assimilação alastrar-se tanto nos dias de hoje: Os Judeus não vêem, porque deveriam ‘perder’ tantas coisas na vida e afastam-se assim das suas sociedades de origem.

Se pudermos chegar a entender porque os Judeus são tão odiados, poderemos entender quem são os Judeus e, ainda mais importante, quem os Judeus podem chegar a ser. Um enorme esforço foi feito para remover o elemento judaico do anti-semitismo e, ao fazerem isto, tentaram ignorar a importantíssima mensagem, que o anti-semitismo ensina sobre a preciosidade e a exclusividade do Judeu.
Nós temos um Pacto com o Todo-Poderoso: temos uma missão de aperfeiçoar o mundo através do cumprimento da Torá e também de sermos uma luz para as nações. O que poderia ser mais significativo e de maior prazer que isto? O Todo-Poderoso fez muitas promessas para nós na Torá: que seremos um Povo eterno, poucos em número, espalhados pelos quatro cantos do globo e que no final retornará à Terra de Israel. Entretanto, para o Pacto ser cumprido, o Povo Judeu precisa não apenas existir, mas cumprir o destino que a Torá lhe prescreveu.

A Torá declarou claramente (Levíticus 26:14-44, Deut. 28:15-69) as consequências para o Povo Judeu, caso não mantivessem o seu lado do Pacto. Durante o decorrer da História, o Todo-Poderoso tem cumprido a Sua palavra e nos lembrado, que Ele continua sério sobre o nosso lado do Pacto.

Prometemos cumprir a Torá e D'us prometeu que não deixaria que esquecêssemos a nossa promessa. Muitas nações odeiam-nos pelas suas próprias razões contraditórias e distorcidas.
Entretanto, para nós, a lição é clara: o anti-semitismo é um chamado para despertarmos, para retornarmos e aumentarmos o nosso cumprimento da Torá.
Ao entendermos isto, entenderemos também a loucura e a falta de lógica daqueles que nos atacam, nos acusam e nos perseguem.
Apenas isto já seria uma razão convincente e suficiente para os Judeus aprenderem sobre o anti-semitismo e sobre o que significa ser Judeu! Será que aprenderemos a nossa lição? (Leia mais em "Why the Jews?", disponível no site: http://aish.com/seminars/whythejews)