25.8.06

A Torá: Shoftim

Livro Devarim/ Deuteronomio 16:18 al 21:9
25/26 de Agosto de 2006 - 1/2 de Elul 5766

Resumo
A parashá desta semana relata-nos que Moshé lembrou ao Povo de Israel as normas de convivência dentro dos limites de uma sociedade civilizada. Assim indicou sobre as leis relacionadas com o sistema judicial, o comportamento dos juízes, a nomeação destes e outros funcionários. Recordou também, leis sobre o pecado de idolatria, como condenar e castigar quem o cometesse. Moshé profetizou que os judeus desejariam ser governados por reis, assinalando que devia ser um nascido em Israel e eleito pelo Todopoderoso, que teria que escrever um segundo Sefer Torá para ser levado para as guerras, ser temente a Hashem e observante da nossa fé.

Moshé também recorda os levitas, para que eles não possuam terras em Israel. Também ensina leis sobre as ofertas que os Cohanim receberiam.

Proíbem-se toda sas formas de superstição e magia, como também a Torá dispõe castigo de morte aos falsos profetas.

Os israelitas não deviam temer os seus inimigos, antes de começar uma guerra, pois o Eterno os protegeria. Indica-se nesta parashá, quem estava livre de ir à guerra, quem tinha construído uma casa e não a tinha inaugurado, quem tinha plantado uma vinha e ainda tinha desfrutado da sua produção, aquele que desposou uma mulher e não conviveu com ela e aquele que tivesse medo.

São recordadas todas as outras leis acerca da guerra. Antes de atacar uma cidade deveria negociar-se pacificamente a entrada na mesma e se essas tentativas fracassassem, empreender-se-ia a guerra.

Moshé indicou sobre quem recairia a responsabilidade do assassinato de alguém cujo corpo foi encontrado no campo, recaindo a mesma sobre a cidade que está mais próxima do lugar do acto, devendo os juízes e anciãos dessa cidade, expiar-se sacrificando um animal perante os Cohanim.

Comentário
“E porás juízes e polícias...” (Deuteronomio 16:18)

E porás para ti juízes e polícias em todas as cidades que o Eterno te dará...”. Assim começa a parashá desta semana na qual a Torá salienta “para ti”, a justiça e o seu cumprimento são a base da nossa sociedade ao ponto da Mishná no Pirkei Avot nos dizer: disse Rabi Chanania Segan HaCohanim: pede pelo bem-estar do reino pois, se não fosse pelo temor te lhe temos, um ao outro, comer-nos-ia vivos. A Mishná não nos adverte de nenhuma outra condição mais importante senão a ordem e o respeito mútuo, que não se adquirem como condições naturais senão que devem ser impostas.

De entre os conceitos que por vezes confundimos encontra-se a nossa relação respeitante às condições humanas instintivas: chega-se por vezes a crer que o ser humano nasce com qualidades correctas e a má sociedade e a falta de bons costumes o deteoram. A Torá ensina-nos o contrário, o homem nasce com qualidades incorrectas como a inveja, a cobiça, etc e apenas a boa educação da Torá pode corrigir e fazer do homem um ser por excelência”.

A Torá adverte-nos de que quando não tenhamos claro o ditame em qualquer dos conceitos que envolvem a nossa vida, deveremos dirigir-nos aos sacerdotes levitas, juízes que foram nomeados nos nossos dias e perguntemos-lhes acerca da lei da Torá e realizaremos segundo o seu ditame, sem nos afastarmos nem para a direita nem para a esquerda daquilo que nos ensinam, ao que os nossos Sábios comentam: mesmo que nos digam que a esquerda é a direita ou vice versa isto é, apesar de que o ditame nos pareça o contrário da realidade, devemos acatar a decisão dos juízes, sem que isso signifique que estejamos obrigados a indagar e investigar a verdade da Torá, pelo o contrário, em mais de um lugar a Torá nos obrigou a consultar os sacerdotes juízes, declarando-nos a obrigação de tentar averiguar “muito”. O estudo”, a indagação com profundidade com profundidade é o preceito por excelência da Torá “E o estudo da Torá considerado como o cumprimento de todos os preceitos”. Mistérios, tabus, axiomas e credos estão fora da lógica que nos encomendou a Torá quando nos ensinou: “Não a encontrarás nos Céus nem do outro lado do mar...senão em ti e dentro de ti está para realizá-la.

A consulta é obrigatória quando começa a dúvida e sobre a base do estudo e conhecimento que são razões de desprezo, como disse a Mishná no versículo:”Não será o desconhecedor, a fonte da perfeição?”

A Torá fala-nos da obrigação do Cohen em advertir quem saia para a guerra, que em três casos está obrigado a voltar: quem construiu uma casa e não a inaugurou, quem desposou uma mulher e ainda não se casou, quem plantou uma vinha e não passaram os três anos necessários para comer do seu fruto que o liberte, ou ainda , o obrigue a voltar à batalha? Poderíamos entender que construir uma casa ou desposou uma mulher, são acontecimentos de importância que significam muito na vida tal como dar-lhes a prioridade necessária, mas comer de uma vinha que plantou é de tal envergadura? Os nossos Sábios respondem, que os três casos foram impostos apenas para encobrir e não para envergonhar o quarto caso que a Torá obriga o seu regresso: quem é débil e teme a guerra, para que não desanime os seus irmãos com o seu temor. A Torá sente a vergonha do atemorizado, incapaz de enfrentar a realidade da guerra com as suas mortes e sofrimentos e a diferença de outras culturas onde os medrosos são culpados, a Torá obriga-os a regressar a suas casas a todo um regimento para que não se possa identificar um medroso.

Rab. Shlomó Wahnón
Shabat Shalom

Opinião
Os tópicos abrangidos por esta porção semanal incluem: Juizes e Justiça, Pilares e Árvores Sagrados, Oferendas com Defeito, Penalidades por Idolatria, a Suprema Corte, o Monarca, Sacerdotes Levitas, Porções Sacerdotais, Serviços Especiais, Divindade e Profecia, Cidades-Refúgio, Assassinato, Manutenção das Fronteiras, Testemunhas que Conspiram, Preparação para a Guerra, Prisioneiros de Guerra, Conduzir um Cerco e o caso de um Assassinato não Solucionado.
Nesta semana temos a famosa advertência: “Justiça, Justiça vocês devem procurar, para que possam possuir e viver na Terra que o Todo-Poderoso, o seu D'us, lhes deu”.


Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “Juizes e policiais vocês devem designar para vocês (Devarim 16:18)”. Alem de ser um mandamento para se criar uma sociedade justa e correcta, que lição pessoal podemos aprender deste versículo?
O Rabino Simha Bunim de Pshischa (Polônia, 1767-1828) explicou: nomeie para VOCÊS juizes e policias - antes de julgar os outros, julgue a si mesmo primeiro. Como os nossos Sábios ensinaram no Talmud (Baba Batra 60b): “Primeiro corrija-se a si próprio e somente então corrija os demais”.
É muito fácil encontrar defeitos nos outros. Entretanto, isto pode facilmente tornar-nos arrogantes e fazer com que mantenhamos as nossas falhas intactas. Embora tenhamos a obrigação de ajudar os outros a melhorarem, continuemos sempre a verificar o nosso próprio comportamento para ver onde podemos melhorar. O propósito da polícia é garantir que as leis sejam cumpridas. Da mesma maneira, ao encontrarmos uma falha em nós mesmos, tomemos atitudes para corrigi-la!