17.3.06

Porção Semanal da Torá: Ki Tissá

Shemót (Êxodus) 30:11 - 34:35

Esta porção semanal inclui:
as instruções para realizar o censo (cada pessoa deveria doar uma moeda de meio Shekel, as quais seriam contadas para totalizar o número de pessoas do Povo);
as instruções para se fazer o Incenso para o Mishkán (o Santuário Sagrado);
a escolha de Betzalel e Aholiab para chefiarem os arquitetos e artesãos que trabalhariam na construção do Mishkán e
um mandamento especial proibindo a construção do Mishkán no Shabat (as pessoas poderiam pensar que talvez fosse permitido violar o Shabat para realizar uma Mitsvá ...)
A Torá continua relatando a infame história do Bezerro de Ouro. O Povo, erroneamente, calculou que Moshe estava atrasado para descer do Monte Sinai e começou a procurar um substituto para ele, fazendo um Bezerro de Ouro (aqui há uma grande lição para nós sobre a virtude da paciência). Moshe os vê a dançar em volta do Bezerro e, com raiva, quebra as Tábuas da Lei. Depois pune os 3.000 malfeitores que idolatraram o Bezerro (cerca de 0,1% das 3 milhões de pessoas que ali estavam); implora a D’us que não destrua o Povo Judeu; pede para ver a Glória Divina; e recebe as segundas Tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos.

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara em relação à coleta do ouro para fazerem o Bezerro de Ouro: “E Aharon (o irmão de Moshe e Cohen Gadol, Sumo Sacerdote) disse-lhes: ‘Removam os brincos de ouro que estão nas orelhas das vossas esposas, filhos e filhas, e os tragam para mim’ (Shemót 32:02)”. Como é possível que Aharon, um homem verdadeiramente correcto, consentiria em ajudá-los a fazer um ídolo?
O Dáat Zekením, famoso comentarista da Torá responde: A intenção de Aharon foi honrar o Criador. Ele disse para si mesmo: “Neste momento, enquanto Moshe ainda não retornou, se eu apontar Calev ou Nahshón como o líder na ausência de Moshe, quando ele retornar, eles não ficarão ansiosos para desistir de suas novas posições de liderança, o que causaria uma enorme disputa. Porém, se não apontar ninguém como líder, o Povo escolherá um por si só, o que também causará uma grande disputa. Se eu me auto-nomear líder até Moshe voltar, quando ele chegar talvez pense que tentei usurpar a sua liderança. Portanto, até Moshe voltar, eu os manterei ocupados com uma conversa sobre fazer um insignificante bezerro de ouro. As mulheres ficarão relutantes em entregar as suas jóias e assim conseguirei ganhar tempo”.
A princípio, ao ler o versículo na Torá, ficamos curiosos de como Aharon poderia ter tomado uma atitude que parecia uma forma de idolatria. Porém, quando as suas verdadeiras intenções se tornaram conhecidas, entendemos que ele sinceramente tentou evitar que se tomassem atitudes que se tornassem problemáticas.
Eis uma incrível lição sobre como julgar as pessoas favoravelmente! Na próxima vez que virmos alguém fazendo algo de forma inexplicável ou absolutamente desprezível, antes de condená-lo por seu comportamento, perguntemo-nos: “Que intenções ou motivos positivos esta pessoa pode ter tido?” Talvez se soubéssemos as suas verdadeiras motivações e intenções, perceberíamos que não intencionava nada de errado e até tentou evitar que algo negativo acontecesse.