12.2.06

Trazendo o Calor da Vida Judaica a cada Lar Judaico!

Agora que acabou o campeonato de futebol americano (Super Bowl), posso contar uma estória que ouvi de alguém que pensa que o futebol é uma prioridade muito grande na vida de muitas pessoas. Um homem foi assistir à final do campeonato e sentou-se do lado de uma cadeira vazia. Incrédulo, perguntou à mulher sentada do outro lado da cadeira como era possível haver uma vaga no estádio, enquanto os torcedores, do lado de fora, brigavam para pagar até cinco vezes o preço do ingresso? A mulher respondeu-lhe que aquele lugar pertencia a seu falecido marido. O homem deu-lhe seus pêsames e disse: “Pôxa, pensei que algum parente ou amigo teria pulado sobre esta oportunidade de usar essa cadeira”. Aí a mulher respondeu: “Eu pensei a mesma coisa, mas todos eles insistiram em comparecer ao funeral”. Na vida, precisamos ter nossas prioridades em ordem. Hoje, então, trataremos sobre o Ano Novo Judaico e Tu B’Shvat!
Quando é o ano novo? Você ficaria surpreso em saber que há 4 dias de Ano Novo no calendário Judaico? Segunda-feira que vem (13 de fevereiro) é Tu B’Shevát (o décimo quinto dia do mês hebreu de Shevát) e o dia de Ano Novo para as árvores!


O que é Tu B’Shevát e Como é Celebrado?
O Talmud, no Tratado Rosh Hashaná, nos explica sobre os quatro Rosh HaShanás (Anos Novos) no calendário Judaico:
1) O primeiro dia do mês Hebreu de Nissán é o Ano Novo em relação à contagem dos anos no reinado dos Reis de Israel
2) O primeiro dia de Elul é o Ano Novo em relação à retirada do dízimo dos animais (Um em cada dez animais nascidos entre Elul do ano anterior e o início deste Elul eram doados ao Templo Sagrado)
3) O primeiro dia de Tishrei é o Ano Novo para o julgamento dos seres humanos: para a vida ou a morte, riqueza ou pobreza, doenças ou saúde, bem como para a contagem do Ano Sabático (Shemitá) e do Ano do Jubileu (Yovêl) para a Terra de Israel. Também a partir deste dia se conta o período de 3 anos, a partir do plantio de uma árvore frutífera, nos quais não se pode comer seus frutos (Orlá), bem como para o cálculo dos dízimos que devem ser retirados das colheitas de grãos e vegetais
4) O dia 15 de Shevát é o Ano Novo para as árvores, com referência ao cálculo do dízimo que seria retirado de suas frutas, em prática na época do Templo Sagrado.
Tu B’Shevát é um dia festivo porque a Torá louva a Terra de Israel com referência às frutas de suas árvores, bem como às colheitas de seu solo: “Uma terra de trigo, cevada e uvas, e árvores de figo e romãs; uma terra de oliveiras e mel (de tâmaras)” (Devarim 8:8). E também: “... e deverão comer e se satisfazer e abençoar ao Todo-Poderoso, seu D’us, pela boa terra que Ele lhes deu” (Devarim 8:10). O Povo Judeu se alegra com as frutas, com a Terra e com o Todo-Poderoso que nos deu vida.
O dia de Tu B’Shevát é celebrado comendo-se as diversas espécies de frutos com as quais a Terra de Israel foi abençoada: tâmaras, romãs, figos, uvas e azeitonas.
Os cabalistas da cidade de Tsefat (Safed), em Israel, compilaram no século 16 um ‘Seder’ de Tu B’Shevát algo parecido com o Seder de Pessach, com meditações e explicações sobre as dimensões espirituais das frutas, junto com suas bênçãos, músicas e seus significados mais profundos.
O homem é comparado a uma árvore. No livro Pirkêi Avót (Ética de Nossos Antepassados) está escrito o seguinte: “Uma pessoa cuja sabedoria excede seus bons atos é comparada a uma árvore cujos galhos são numerosos, porém com poucas raízes. Um vento forte bate e acaba arrancando a árvore de seu lugar. Entretanto, uma pessoa cujos bons atos excedem sua sabedoria é comparada a uma árvore com poucos galhos, mas cujas raízes são numerosas. Mesmo se todos os ventos do mundo a açoitarem, não conseguirão movê-la de seu lugar (Pirkêi Avót, capítulo 3, mishná 22)”.
Da mesma maneira que uma árvore necessita de solo, água, ar e luz solar, assim as pessoas precisam estar espiritualmente enraizadas e conectadas a uma fonte de nutrição. Água para as árvores, sabedoria da Torá para nós, como Moisés proclamou: “Possam meus ensinamentos gotejar como o orvalho” (Devarim 32:2). Ar para as árvores e espiritualidade para nós, como declara a Torá: “D’us soprou a vida nas narinas do Homem” (Bereshit 2:7). Luz solar para as árvores e o calor da amizade e da comunidade para os seres humanos. O Rabino Shraga Simmons escreveu um belo artigo intitulado "Man is a Tree" (O Homem é uma Árvore), desenvolvendo mais sobre este tema. A íntegra do artigo (em inglês) pode ser lida em
www.aish.com/tubshvat/tubshvatdefault/Man_Is_a_Tree.asp.
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Feliz Ano Novo das Árvores a todos!