9.2.06

Porção Semanal da Torá: Beshalách

Shemót (Êxodus) 13:17 - 17:16

O Povo Judeu parte do Egipto. O Faraó se arrepende de tê-los deixado partir, persegue-os, liderando sua cavalaria de elite e um grande exército. Os Judeus se rebelam e gritam com Moshe: “Não foi suficiente o que sofremos no Egipto? Por que você nos trouxe aqui, para morrermos no deserto?” O Yám Suf, o Mar Vermelho, se abriu, os Judeus o atravessaram, os egípcios os perseguiram, o mar se fechou e afogou todos os egípcios. Moshe e os homens, Miriam e as mulheres, em separado, cantaram louvores de agradecimento ao Todo-Poderoso.
Eles chegam a Mará e se rebelam por causa da água amarga que lá havia para se beber. Moshe atira uma determinada árvore dentro da água, transformando-a em água potável. O Todo-Poderoso, então, fala aos Israelitas: “Se vocês obedecerem ao Todo-Poderoso, seu D’us, e fizerem o que é correcto aos Seus olhos, cuidadosamente observando Seus mandamentos e cumprindo todos Seus decretos, então não os afligirei com todas as doenças que trouxe ao Egipto. Eu sou D’us, Aquele que os cura”. (É por isto que a Hagadá de Pessach tenta provar que houve mais de 10 pragas no Egipto -- quanto maior o número de aflições que lá ocorreram, maior o número de doenças das quais estamos protegidos).
Depois os Israelitas se rebelam novamente, alegando falta de comida; D’us lhes envia codornizes e o maná (Uma porção dupla era dada às sextas-feiras para ser comida também no Shabat. No Shabat usamos duas halót para comemorarmos as duas porções de maná que D’us nos mandava naquela época). Moshe os instrui sobre as leis do Shabat. Na localidade de Refidim rebelam-se novamente, exigindo água. D’us ordena Moshe a bater numa pedra, que então jorra água para saciar a sede do povo. Finalmente, a porção conclui com a guerra contra Amalêk e o mandamento de “exterminar a lembrança de Amalêk da face da Terra”.

Dvar Torá: baseado no livro Growth Through Torah, do Rabino Zelig Pliskin
A Torá declara: “E naquele dia o Todo-Poderoso salvou os Israelitas das mãos dos egípcios (Shemót 14:30)”. A que dia a Torá está se referindo e que lição podemos aprender da referência a este dia?
O grande comentarista da Torá, Rabino Haim ben Atar (Marrocos e Israel, 1696-1743), conhecido por seu livro Or HaHaim, explicou que ‘naquele dia’ em que os israelitas foram salvos, era exactamente o dia em que seus perseguidores egípcios pereceram no mar. Entretanto, os Israelitas foram liberados e saíram do Egipto antes deste dia. Por que somente agora que os egípcios se afogaram no mar é que eles se sentiram salvos?
A resposta é: os Israelitas apenas se sentiram salvos quando se sentiram seguros de que os egípcios não mais os perseguiriam. Vemos daqui que mesmo que na realidade uma pessoa seja livre, ela não é considerada livre a menos que pessoalmente se sinta livre. Alguém constantemente preocupado e que se sente inseguro é uma pessoa que está aprisionada, mesmo que não esteja na cadeia e que ninguém a esteja prejudicando.
Para sermos verdadeiramente livres, precisamos nos sentir livre, e isto depende apenas de nós. Podemos chegar a ter bastante controle sobre nossos pensamentos se trabalharmos sobre eles. Uma pessoa pode estar preocupada com o futuro e, mesmo que os eventos futuros ocorram exatamente como desejava, ainda assim sofreu no presente. E este sofrimento é o mesmo e tão real como se tivesse realmente lhe acontecido algum infortúnio. Entretanto, todos concordamos que este sofrimento é desnecessário. Quanto maior nosso domínio sobre nossos pensamentos, maior a liberdade que sentiremos na vida!